⚠️ A falta de um único documento pode impedir a concessão
Pedidos são frequentemente indeferidos por:
- Laudo médico incompleto (sem CID, sem descrição das limitações);
- Ausência de relatório de escola ou terapeutas;
- Falta de comprovantes de renda ou despesas;
- Cadastro Único desatualizado.
É por isso que ter um dossiê bem montado é o primeiro passo para garantir o BPC da sua criança.
Documentos pessoais da criança e da família
Antes de entrar na parte médica e social do processo, o INSS exige a apresentação de documentos básicos da criança e de todos os integrantes da família que residem no mesmo domicílio. Esses documentos são usados para comprovar a composição familiar, a residência e a identidade dos envolvidos.
Confira abaixo a lista:
📄 Documentos da criança (requerente do BPC):
- Certidão de nascimento ou RG e CPF da criança;
- Cartão do SUS;
- Comprovante de residência atualizado;
- Cartão do CadÚnico com NIS (Número de Identificação Social);
- CIPTEA (Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), se houver.
📄 Documentos dos membros da família (moradores da mesma casa):
- RG e CPF de todos os adultos da casa;
- Certidão de nascimento das crianças;
- Comprovantes de renda: contracheques, extratos bancários, recibos, comprovantes de pensões ou benefícios;
- Carteira de trabalho (mesmo que sem registro);
- Declaração de não recebimento de renda, caso algum membro não tenha nenhuma fonte de renda.
📌 Observação importante:
O INSS considera como grupo familiar apenas as pessoas que moram sob o mesmo teto e têm dependência econômica entre si, como:
- Pais e filhos;
- Cônjuges ou companheiros;
- Irmãos menores;
- Avós ou netos, se morarem juntos e forem dependentes.
Outras pessoas que apenas residem no mesmo endereço, mas não compõem economicamente a família, não entram no cálculo da renda per capita — desde que isso seja comprovado.
Laudos médicos e relatórios especializados (TEA e TDAH)
Entre todos os documentos exigidos no pedido do BPC, os laudos médicos e relatórios de profissionais da saúde e da educação são os mais decisivos para comprovar a deficiência de longo prazo da criança.
Esses documentos demonstram como o autismo ou o TDAH afetam a vida prática, o desenvolvimento e a autonomia da criança — requisitos essenciais para o reconhecimento do direito ao benefício.
🧾 Laudo médico essencial
Deve ser emitido por um profissional especialista (neuropediatra, psiquiatra infantil, neurologista ou médico da rede pública) e conter obrigatoriamente:
- Identificação completa da criança e do médico;
- CID da condição médica (ex: F84.0 para autismo; F90.0 para TDAH);
- Descrição do histórico clínico da criança;
- Relato das limitações funcionais: comunicação, socialização, autonomia, comportamento, etc.;
- Menção à necessidade de apoio contínuo ou terapias regulares;
- Data de emissão recente (preferencialmente dos últimos 6 meses);
- Assinatura e carimbo com CRM do médico.
📋 Relatórios complementares (fortemente recomendados)
Além do laudo médico, é fundamental apresentar relatórios de outros profissionais que acompanham a criança, como:
- Psicólogo(a): detalhando o perfil comportamental, transtornos associados, evolução terapêutica;
- Fonoaudiólogo(a): destacando déficits de linguagem, comunicação ou alimentação;
- Terapeuta ocupacional: relatando dificuldades motoras, de autonomia, autocuidado e rotina;
- Escola (relatório pedagógico): com observações sobre comportamento em sala, dificuldades cognitivas, aprendizagem, interações sociais;
- Nutricionista ou pediatra (se houver dieta especial ou alimentação seletiva);
- Assistente social ou CRAS: relato de contexto familiar, socioeconômico e demandas especiais.
Esses relatórios reforçam a prova de que o transtorno afeta significativamente a vida da criança, o que pode ser decisivo na concessão do benefício.
📝 Dica prática:
Monte uma pasta com todos os laudos e relatórios, organizados por profissional e por data, e mantenha cópias atualizadas para apresentar ao INSS ou, se necessário, na Justiça.
Comprovantes de renda e despesas com tratamento
Além de comprovar a deficiência da criança, é essencial demonstrar que a família se encontra em situação de vulnerabilidade econômica. Para isso, o INSS exige provas formais da renda familiar e permite a apresentação de comprovantes de despesas com o tratamento da criança, que podem ser abatidos da renda.
Esse ponto pode ser determinante para viabilizar a concessão do benefício, especialmente quando a renda familiar ultrapassa o limite de ¼ do salário mínimo.
📄 Comprovantes de renda familiar:
Apresente os documentos de todos os membros da casa que possuem algum rendimento, como:
- Contracheques;
- Extratos de aposentadorias ou pensões;
- Recibos de autônomos ou MEIs;
- Extratos bancários;
- Declaração de não recebimento de renda (para quem não tem nenhum rendimento);
- Carteira de trabalho (mesmo sem registro, para comprovar ausência de vínculo).
📉 Comprovantes de despesas dedutíveis:
Esses documentos são fundamentais para reduzir o valor da renda per capita calculado pelo INSS, demonstrando que boa parte da renda familiar é usada para manter o tratamento da criança com TEA ou TDAH.
O que pode ser apresentado:
- Receitas médicas com indicação de uso contínuo de medicamentos;
- Notas fiscais de medicamentos;
- Comprovantes de pagamento de terapias (fonoaudiologia, psicologia, TO, psicopedagogia, etc.);
- Relatórios médicos justificando alimentação especial;
- Notas de compras de alimentos específicos ou suplementos;
- Comprovantes de transporte até clínicas, hospitais ou escolas especializadas;
- Despesas com fraldas, produtos de higiene e equipamentos de apoio;
- Pagamentos de cuidadores, se houver.
📌 Observação:
Todos os gastos devem estar diretamente relacionados à condição da criança e comprovados documentalmente, de preferência com notas fiscais em nome dos pais/responsáveis, e relatórios ou receitas que justifiquem o uso.
Cadastro Único: como atualizar corretamente
O Cadastro Único (CadÚnico) é um dos principais requisitos para acessar o BPC/LOAS. Sem estar inscrito e com os dados atualizados, o benefício não será concedido pelo INSS — mesmo que todos os outros documentos estejam corretos.
📌 O que é o CadÚnico?
É um sistema do Governo Federal que reúne informações sobre famílias de baixa renda. Ele é usado para analisar a situação socioeconômica do grupo familiar e permitir o acesso a programas como:
- Bolsa Família (Auxílio Brasil);
- Tarifa Social de Energia;
- BPC/LOAS;
- Benefícios estaduais e municipais.
🧾 Quem deve estar inscrito?
Todos os membros da família que vivem na mesma residência. Isso inclui pais, filhos, avós, irmãos e outros, desde que tenham vínculo econômico e morem juntos.
🛠️ Como fazer ou atualizar o CadÚnico?
- Vá até o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) mais próximo;
- Leve os documentos de todos os membros da casa (RG, CPF, certidão de nascimento, comprovante de residência);
- Peça para atualizar o CadÚnico (ou fazer o primeiro cadastro, se ainda não tiver);
- Verifique se o NIS da criança está ativo e vinculado ao grupo familiar;
- Guarde o comprovante de atualização ou ficha resumo — será exigido no pedido do BPC.
⏳ Prazo de validade
O CadÚnico precisa estar atualizado nos últimos 2 anos, mas o ideal é manter os dados sempre atualizados, principalmente em caso de:
- Mudança de endereço;
- Alteração de renda;
- Entrada ou saída de moradores na casa.
⚠️ Atenção:
Se o CadÚnico estiver desatualizado ou com informações incorretas, o INSS poderá indeferir o pedido automaticamente.
Como montar um dossiê completo para o INSS
Organizar corretamente os documentos é essencial para aumentar as chances de aprovação do BPC. Um processo bem montado transmite seriedade e facilita o trabalho dos servidores do INSS, evitando atrasos, exigências desnecessárias ou indeferimentos por falta de provas.
Veja abaixo como montar um dossiê estratégico e completo:
🗂️ 1. Separe os documentos por categorias
Divida os papéis em 5 seções principais:
- Documentos pessoais (da criança e dos familiares);
- Comprovantes de renda e CadÚnico;
- Laudos médicos e relatórios terapêuticos;
- Relatórios escolares e avaliações complementares;
- Notas fiscais e comprovantes de despesas com tratamento.
Utilize pastas físicas com divisórias ou arquivos digitais bem nomeados, caso vá fazer o pedido pelo Meu INSS.
🧠 2. Garanta que todos os laudos estejam atualizados
- Laudos e relatórios com mais de 6 meses podem ser questionados;
- Certifique-se de que os documentos médicos contenham CID, CRM, assinatura legível e descrição das limitações;
- Relatórios de escola e terapeutas devem ser claros e objetivos, com linguagem acessível e profissional.
🧾 3. Comprove todos os gastos relevantes
- Organize por tipo de despesa: terapias, remédios, alimentação, transporte;
- Guarde receitas médicas junto das notas fiscais;
- Inclua justificativas médicas para dietas especiais ou uso de fraldas;
- Se possível, monte uma planilha ou tabela com os custos mensais totais.
🗃️ 4. Inclua o comprovante de atualização do CadÚnico
Sem ele, o INSS pode nem analisar o restante do pedido. Tenha sempre a ficha resumo do CadÚnico atualizada.
📑 5. Faça uma carta de apresentação (opcional, mas poderosa)
Inclua uma carta simples explicando a situação da criança, suas limitações e os custos do tratamento. Essa carta pode ser escrita pelo responsável legal e ajuda a humanizar o processo.
Com esse dossiê em mãos, você terá uma base sólida para solicitar o BPC com mais segurança — e, se necessário, contestar um indeferimento.
Dicas práticas para evitar a negativa do benefício
Mesmo com direito ao BPC, muitas famílias têm o pedido negado por falhas simples, como documentos incompletos, laudos genéricos ou CadÚnico desatualizado. A seguir, veja algumas orientações práticas para evitar esse tipo de problema e aumentar suas chances de concessão:
📌 1. Não entregue laudos genéricos
Evite laudos médicos com descrições vagas como “autismo leve” ou “TDAH controlado”. O ideal é que o laudo:
- Apresente o CID da condição (ex: F84.0 ou F90.0);
- Descreva com detalhes as limitações funcionais da criança;
- Destaque a necessidade de apoio contínuo ou terapias permanentes;
- Seja assinado por especialista com carimbo e CRM legíveis.
📌 2. Atualize o CadÚnico antes de tudo
Antes mesmo de reunir os laudos, vá ao CRAS e atualize o Cadastro Único da família. Sem esse documento, o pedido será indeferido de forma automática pelo INSS.
📌 3. Reúna comprovantes de gastos mensais
Mantenha todas as notas fiscais e receitas médicas organizadas. Se a renda familiar estiver um pouco acima do limite, esses comprovantes poderão ser usados para abater gastos e viabilizar a concessão do benefício.
📌 4. Documente a realidade da criança na escola
Peça um relatório da escola descrevendo as dificuldades da criança no convívio, no aprendizado e no comportamento. Isso reforça o impacto prático da condição na vida social e educacional da criança.
📌 5. Organize os documentos com clareza
Evite entregar papéis soltos ou sem ordem. Organize o dossiê em pastas físicas ou arquivos digitais separados por categorias. Um processo organizado facilita a análise e transmite credibilidade.
📌 6. Considere ajuda jurídica em caso de negativa
Se o pedido for indeferido, não desista. Um advogado especialista pode revisar o caso, entrar com recurso ou até mesmo levar o caso à Justiça, onde muitas decisões reconhecem o direito mesmo com renda acima do limite legal.
Perguntas frequentes sobre documentos do BPC infantil
📌 1. Preciso de laudo médico do SUS ou pode ser particular?
Pode ser de médico particular ou do SUS, desde que esteja completo, com CID, descrição das limitações e assinatura com CRM. O importante é a qualidade técnica do laudo, não a origem.
📌 2. Precisa do laudo com o CID específico?
Sim. O laudo precisa conter o CID da condição médica, como:
- F84.0 para autismo infantil;
- F90.0 para TDAH.
A ausência do CID pode levar à exigência de complementação ou indeferimento do pedido.
📌 3. Quantos laudos ou relatórios preciso apresentar?
Não há um número exato, mas o ideal é apresentar um laudo médico principal (neuropediatra, psiquiatra) e relatórios complementares (fonoaudiólogo, psicólogo, escola, terapeuta ocupacional), que ajudem a reforçar a limitação funcional da criança.
📌 4. Posso entregar exames como ressonância ou EEG?
Esses exames não são obrigatórios, mas podem ser anexados como prova complementar, especialmente se indicarem alterações neurológicas relevantes. O foco, porém, deve estar nos laudos e relatórios funcionais.
📌 5. E se faltar algum documento?
O INSS pode emitir um pedido de exigência, dando prazo para você complementar. Mas é melhor evitar isso, entregando o dossiê o mais completo possível desde o início. Isso acelera a análise e reduz riscos de indeferimento.
Conclusão
Solicitar o BPC para uma criança com autismo ou TDAH pode parecer um desafio burocrático, mas a chave para o sucesso está em reunir a documentação correta, completa e bem organizada.
Como vimos, não basta apenas o diagnóstico médico — é fundamental comprovar a deficiência funcional, a vulnerabilidade da família e os custos associados ao cuidado com a criança.
Em 2025, com a possibilidade de abater despesas com tratamento da renda familiar, muitas crianças que antes não conseguiam o BPC agora podem ter direito ao benefício.
Por isso, monte um dossiê estratégico, mantenha seu CadÚnico atualizado, e não hesite em buscar apoio profissional caso o pedido seja negado. Muitas famílias conseguem o BPC na via judicial, mesmo após uma negativa do INSS.
A informação correta é o primeiro passo para garantir o direito da sua criança. Organize, lute e não desista. Você não está sozinho nessa jornada.