Documentos necessários para o BPC de crianças com autismo ou TDAH: o que apresentar ao INSS?

Você é pai, mãe ou responsável por uma criança diagnosticada com autismo (TEA) ou TDAH, e está em busca do BPC (Benefício de Prestação Continuada)?

Então, antes de tudo, saiba: a documentação é o coração do processo.

Muitos pedidos do BPC são negados não por falta de direito, mas por ausência de provas suficientes. Isso porque o INSS analisa minuciosamente cada documento para verificar:

  • Se a criança realmente apresenta deficiência com impedimento de longo prazo;
  • Se a família vive em situação de vulnerabilidade social;
  • E se os gastos com tratamento justificam a necessidade do benefício.

Neste artigo, você vai descobrir quais documentos são exigidos, como organizá-los corretamente e quais laudos aumentam suas chances de aprovação — tudo de acordo com as regras atualizadas do INSS em 2025.

Sumário:

  • Quem pode solicitar o BPC para crianças com autismo ou TDAH?
    • Por que a documentação é tão importante no pedido do BPC?
    • Documentos pessoais da criança e da família
    • Laudos médicos e relatórios especializados (TEA e TDAH)
    • Comprovantes de renda e despesas com tratamento
    • Cadastro Único: como atualizar corretamente
    • Como montar um dossiê completo para o INSS
    • Dicas práticas para evitar a negativa do benefício
    • Perguntas frequentes sobre documentos do BPC infantil
    • Conclusão

 

Quem pode solicitar o BPC para crianças com autismo ou TDAH?


O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é um benefício assistencial pago pelo INSS a quem comprova situação de vulnerabilidade social. No caso de crianças e adolescentes, ele pode ser solicitado quando:

  • A criança possui uma deficiência de longo prazo (superior a dois anos), de natureza física, mental, intelectual ou sensorial;
  • Essa deficiência compromete sua autonomia e participação plena na sociedade;
  • A renda familiar por pessoa é de até ¼ do salário mínimo (R$ 379,50 em 2025), podendo ser ampliada para ½ salário mínimo judicialmente, se houver comprovação de gastos elevados com a deficiência.


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No caso do autismo (TEA)


A Lei 12.764/2012 já reconhece expressamente que o autista é Pessoa com Deficiência para todos os efeitos legais. Portanto, todas as crianças com TEA podem ter direito ao BPC, desde que haja comprovação de:

  • Impedimentos funcionais relevantes;
  • Necessidade de apoio contínuo;
  • Vulnerabilidade social da família.


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No caso do TDAH


O TDAH isolado não é automaticamente considerado deficiência. No entanto, se o transtorno comprometer de forma grave o aprendizado, a comunicação, a autonomia ou a socialização da criança, é possível obter o BPC — especialmente com apoio de laudos especializados e documentação robusta.


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Quem faz o pedido?


O pedido pode ser feito por:

  • Pai, mãe ou responsável legal (com tutela ou guarda formal);
  • Representante legal designado judicialmente;
  • Procurador autorizado, com instrumento de procuração e documentos do requerente.


Por que a documentação é tão importante no pedido do BPC?


O BPC é um benefício que depende da análise documental rigorosa feita pelo INSS. Ao contrário de outros benefícios automáticos, o BPC só será concedido se você provar cada requisito exigido por lei.

Ou seja: não basta a criança ter um diagnóstico de autismo ou TDAH. É necessário comprovar:

  1. Que esse transtorno configura uma deficiência de longo prazo;
  2. Que há impactos reais na vida cotidiana da criança;
  3. Que a família está em situação de baixa renda, com ou sem dedução de despesas.

E como isso é comprovado? Com documentos — bons documentos.


📌
O INSS analisa três frentes principais:

  1. Documentação pessoal e da família: para confirmar vínculos, composição familiar e acesso ao CadÚnico;
  2. Laudos médicos e relatórios terapêuticos: para identificar a deficiência e as limitações funcionais;
  3. Comprovantes de renda e de despesas: para definir se a família se enquadra nos critérios financeiros.

⚠️ A falta de um único documento pode impedir a concessão


Pedidos são frequentemente indeferidos por:

  • Laudo médico incompleto (sem CID, sem descrição das limitações);
  • Ausência de relatório de escola ou terapeutas;
  • Falta de comprovantes de renda ou despesas;
  • Cadastro Único desatualizado.

É por isso que ter um dossiê bem montado é o primeiro passo para garantir o BPC da sua criança.


Documentos pessoais da criança e da família


Antes de entrar na parte médica e social do processo, o INSS exige a apresentação de documentos básicos da criança e de todos os integrantes da família que residem no mesmo domicílio. Esses documentos são usados para comprovar a composição familiar, a residência e a identidade dos envolvidos.

Confira abaixo a lista:


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Documentos da criança (requerente do BPC):

  • Certidão de nascimento ou RG e CPF da criança;
  • Cartão do SUS;
  • Comprovante de residência atualizado;
  • Cartão do CadÚnico com NIS (Número de Identificação Social);
  • CIPTEA (Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), se houver.


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Documentos dos membros da família (moradores da mesma casa):

  • RG e CPF de todos os adultos da casa;
  • Certidão de nascimento das crianças;
  • Comprovantes de renda: contracheques, extratos bancários, recibos, comprovantes de pensões ou benefícios;
  • Carteira de trabalho (mesmo que sem registro);
  • Declaração de não recebimento de renda, caso algum membro não tenha nenhuma fonte de renda.

📌 Observação importante:

O INSS considera como grupo familiar apenas as pessoas que moram sob o mesmo teto e têm dependência econômica entre si, como:

  • Pais e filhos;
  • Cônjuges ou companheiros;
  • Irmãos menores;
  • Avós ou netos, se morarem juntos e forem dependentes.

Outras pessoas que apenas residem no mesmo endereço, mas não compõem economicamente a família, não entram no cálculo da renda per capita — desde que isso seja comprovado.

Laudos médicos e relatórios especializados (TEA e TDAH)


Entre todos os documentos exigidos no pedido do BPC, os laudos médicos e relatórios de profissionais da saúde e da educação são os mais decisivos para comprovar a deficiência de longo prazo da criança.

Esses documentos demonstram como o autismo ou o TDAH afetam a vida prática, o desenvolvimento e a autonomia da criança — requisitos essenciais para o reconhecimento do direito ao benefício.


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Laudo médico essencial


Deve ser emitido por um profissional especialista (neuropediatra, psiquiatra infantil, neurologista ou médico da rede pública) e conter obrigatoriamente:

  • Identificação completa da criança e do médico;
  • CID da condição médica (ex: F84.0 para autismo; F90.0 para TDAH);
  • Descrição do histórico clínico da criança;
  • Relato das limitações funcionais: comunicação, socialização, autonomia, comportamento, etc.;
  • Menção à necessidade de apoio contínuo ou terapias regulares;
  • Data de emissão recente (preferencialmente dos últimos 6 meses);
  • Assinatura e carimbo com CRM do médico.


📋
Relatórios complementares (fortemente recomendados)


Além do laudo médico, é fundamental apresentar relatórios de outros profissionais que acompanham a criança, como:

  • Psicólogo(a): detalhando o perfil comportamental, transtornos associados, evolução terapêutica;
  • Fonoaudiólogo(a): destacando déficits de linguagem, comunicação ou alimentação;
  • Terapeuta ocupacional: relatando dificuldades motoras, de autonomia, autocuidado e rotina;
  • Escola (relatório pedagógico): com observações sobre comportamento em sala, dificuldades cognitivas, aprendizagem, interações sociais;
  • Nutricionista ou pediatra (se houver dieta especial ou alimentação seletiva);
  • Assistente social ou CRAS: relato de contexto familiar, socioeconômico e demandas especiais.

Esses relatórios reforçam a prova de que o transtorno afeta significativamente a vida da criança, o que pode ser decisivo na concessão do benefício.

📝 Dica prática:

Monte uma pasta com todos os laudos e relatórios, organizados por profissional e por data, e mantenha cópias atualizadas para apresentar ao INSS ou, se necessário, na Justiça.

Comprovantes de renda e despesas com tratamento


Além de comprovar a deficiência da criança, é essencial demonstrar que a família se encontra em situação de vulnerabilidade econômica. Para isso, o INSS exige provas formais da renda familiar e permite a apresentação de comprovantes de despesas com o tratamento da criança, que podem ser abatidos da renda.

Esse ponto pode ser determinante para viabilizar a concessão do benefício, especialmente quando a renda familiar ultrapassa o limite de ¼ do salário mínimo.

📄 Comprovantes de renda familiar:


Apresente os documentos de todos os membros da casa que possuem algum rendimento, como:

  • Contracheques;
  • Extratos de aposentadorias ou pensões;
  • Recibos de autônomos ou MEIs;
  • Extratos bancários;
  • Declaração de não recebimento de renda (para quem não tem nenhum rendimento);
  • Carteira de trabalho (mesmo sem registro, para comprovar ausência de vínculo).


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Comprovantes de despesas dedutíveis:


Esses documentos são fundamentais para reduzir o valor da renda per capita calculado pelo INSS, demonstrando que boa parte da renda familiar é usada para manter o tratamento da criança com TEA ou TDAH.

O que pode ser apresentado:

  • Receitas médicas com indicação de uso contínuo de medicamentos;
  • Notas fiscais de medicamentos;
  • Comprovantes de pagamento de terapias (fonoaudiologia, psicologia, TO, psicopedagogia, etc.);
  • Relatórios médicos justificando alimentação especial;
  • Notas de compras de alimentos específicos ou suplementos;
  • Comprovantes de transporte até clínicas, hospitais ou escolas especializadas;
  • Despesas com fraldas, produtos de higiene e equipamentos de apoio;
  • Pagamentos de cuidadores, se houver.

📌 Observação:

Todos os gastos devem estar diretamente relacionados à condição da criança e comprovados documentalmente, de preferência com notas fiscais em nome dos pais/responsáveis, e relatórios ou receitas que justifiquem o uso.

Cadastro Único: como atualizar corretamente

O Cadastro Único (CadÚnico) é um dos principais requisitos para acessar o BPC/LOAS. Sem estar inscrito e com os dados atualizados, o benefício não será concedido pelo INSS — mesmo que todos os outros documentos estejam corretos.

📌 O que é o CadÚnico?


É um sistema do Governo Federal que reúne informações sobre famílias de baixa renda. Ele é usado para analisar a situação socioeconômica do grupo familiar e permitir o acesso a programas como:

  • Bolsa Família (Auxílio Brasil);
  • Tarifa Social de Energia;
  • BPC/LOAS;
  • Benefícios estaduais e municipais.


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Quem deve estar inscrito?


Todos os membros da família que vivem na mesma residência. Isso inclui pais, filhos, avós, irmãos e outros, desde que tenham vínculo econômico e morem juntos.

🛠️ Como fazer ou atualizar o CadÚnico?

  1. Vá até o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) mais próximo;
  2. Leve os documentos de todos os membros da casa (RG, CPF, certidão de nascimento, comprovante de residência);
  3. Peça para atualizar o CadÚnico (ou fazer o primeiro cadastro, se ainda não tiver);
  4. Verifique se o NIS da criança está ativo e vinculado ao grupo familiar;
  5. Guarde o comprovante de atualização ou ficha resumo — será exigido no pedido do BPC.


Prazo de validade

O CadÚnico precisa estar atualizado nos últimos 2 anos, mas o ideal é manter os dados sempre atualizados, principalmente em caso de:

  • Mudança de endereço;
  • Alteração de renda;
  • Entrada ou saída de moradores na casa.

⚠️ Atenção:

Se o CadÚnico estiver desatualizado ou com informações incorretas, o INSS poderá indeferir o pedido automaticamente.

Como montar um dossiê completo para o INSS


Organizar corretamente os documentos é essencial para aumentar as chances de aprovação do BPC. Um processo bem montado transmite seriedade e facilita o trabalho dos servidores do INSS, evitando atrasos, exigências desnecessárias ou indeferimentos por falta de provas.

Veja abaixo como montar um dossiê estratégico e completo:


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1. Separe os documentos por categorias


Divida os papéis em 5 seções principais:

  1. Documentos pessoais (da criança e dos familiares);
  2. Comprovantes de renda e CadÚnico;
  3. Laudos médicos e relatórios terapêuticos;
  4. Relatórios escolares e avaliações complementares;
  5. Notas fiscais e comprovantes de despesas com tratamento.

Utilize pastas físicas com divisórias ou arquivos digitais bem nomeados, caso vá fazer o pedido pelo Meu INSS.


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2. Garanta que todos os laudos estejam atualizados

  • Laudos e relatórios com mais de 6 meses podem ser questionados;
  • Certifique-se de que os documentos médicos contenham CID, CRM, assinatura legível e descrição das limitações;
  • Relatórios de escola e terapeutas devem ser claros e objetivos, com linguagem acessível e profissional.


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3. Comprove todos os gastos relevantes

  • Organize por tipo de despesa: terapias, remédios, alimentação, transporte;
  • Guarde receitas médicas junto das notas fiscais;
  • Inclua justificativas médicas para dietas especiais ou uso de fraldas;
  • Se possível, monte uma planilha ou tabela com os custos mensais totais.


🗃️
4. Inclua o comprovante de atualização do CadÚnico

Sem ele, o INSS pode nem analisar o restante do pedido. Tenha sempre a ficha resumo do CadÚnico atualizada.


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5. Faça uma carta de apresentação (opcional, mas poderosa)

Inclua uma carta simples explicando a situação da criança, suas limitações e os custos do tratamento. Essa carta pode ser escrita pelo responsável legal e ajuda a humanizar o processo.

Com esse dossiê em mãos, você terá uma base sólida para solicitar o BPC com mais segurança — e, se necessário, contestar um indeferimento.

Dicas práticas para evitar a negativa do benefício


Mesmo com direito ao BPC, muitas famílias têm o pedido negado por falhas simples, como documentos incompletos, laudos genéricos ou CadÚnico desatualizado. A seguir, veja algumas orientações práticas para evitar esse tipo de problema e aumentar suas chances de concessão:

📌 1. Não entregue laudos genéricos

Evite laudos médicos com descrições vagas como “autismo leve” ou “TDAH controlado”. O ideal é que o laudo:

  • Apresente o CID da condição (ex: F84.0 ou F90.0);
  • Descreva com detalhes as limitações funcionais da criança;
  • Destaque a necessidade de apoio contínuo ou terapias permanentes;
  • Seja assinado por especialista com carimbo e CRM legíveis.

📌 2. Atualize o CadÚnico antes de tudo

Antes mesmo de reunir os laudos, vá ao CRAS e atualize o Cadastro Único da família. Sem esse documento, o pedido será indeferido de forma automática pelo INSS.

📌 3. Reúna comprovantes de gastos mensais

Mantenha todas as notas fiscais e receitas médicas organizadas. Se a renda familiar estiver um pouco acima do limite, esses comprovantes poderão ser usados para abater gastos e viabilizar a concessão do benefício.

📌 4. Documente a realidade da criança na escola

Peça um relatório da escola descrevendo as dificuldades da criança no convívio, no aprendizado e no comportamento. Isso reforça o impacto prático da condição na vida social e educacional da criança.

📌 5. Organize os documentos com clareza

Evite entregar papéis soltos ou sem ordem. Organize o dossiê em pastas físicas ou arquivos digitais separados por categorias. Um processo organizado facilita a análise e transmite credibilidade.

📌 6. Considere ajuda jurídica em caso de negativa

Se o pedido for indeferido, não desista. Um advogado especialista pode revisar o caso, entrar com recurso ou até mesmo levar o caso à Justiça, onde muitas decisões reconhecem o direito mesmo com renda acima do limite legal.


Perguntas frequentes sobre documentos do BPC infantil

📌 1. Preciso de laudo médico do SUS ou pode ser particular?

Pode ser de médico particular ou do SUS, desde que esteja completo, com CID, descrição das limitações e assinatura com CRM. O importante é a qualidade técnica do laudo, não a origem.

📌 2. Precisa do laudo com o CID específico?

Sim. O laudo precisa conter o CID da condição médica, como:

  • F84.0 para autismo infantil;
  • F90.0 para TDAH.

A ausência do CID pode levar à exigência de complementação ou indeferimento do pedido.

📌 3. Quantos laudos ou relatórios preciso apresentar?

Não há um número exato, mas o ideal é apresentar um laudo médico principal (neuropediatra, psiquiatra) e relatórios complementares (fonoaudiólogo, psicólogo, escola, terapeuta ocupacional), que ajudem a reforçar a limitação funcional da criança.

📌 4. Posso entregar exames como ressonância ou EEG?

Esses exames não são obrigatórios, mas podem ser anexados como prova complementar, especialmente se indicarem alterações neurológicas relevantes. O foco, porém, deve estar nos laudos e relatórios funcionais.

📌 5. E se faltar algum documento?

O INSS pode emitir um pedido de exigência, dando prazo para você complementar. Mas é melhor evitar isso, entregando o dossiê o mais completo possível desde o início. Isso acelera a análise e reduz riscos de indeferimento.


Conclusão


Solicitar o BPC para uma criança com autismo ou TDAH pode parecer um desafio burocrático, mas a chave para o sucesso está em reunir a documentação correta, completa e bem organizada.

Como vimos, não basta apenas o diagnóstico médico — é fundamental comprovar a deficiência funcional, a vulnerabilidade da família e os custos associados ao cuidado com a criança.

Em 2025, com a possibilidade de abater despesas com tratamento da renda familiar, muitas crianças que antes não conseguiam o BPC agora podem ter direito ao benefício.

Por isso, monte um dossiê estratégico, mantenha seu CadÚnico atualizado, e não hesite em buscar apoio profissional caso o pedido seja negado. Muitas famílias conseguem o BPC na via judicial, mesmo após uma negativa do INSS.

A informação correta é o primeiro passo para garantir o direito da sua criança. Organize, lute e não desista. Você não está sozinho nessa jornada.